quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Era para ser uma coisa, e tomou outro rumo

Era mais uma segunda feira normal, ir para a escola, chegar, almoçar, ligar o msn e estudar. Estava quente, e isso já não era mais novidade. O calor, junto com as provas finais mostravam que o ano estava acabando. 
Não queria estudar, e realmente nada ajudava. Meu celular desde que eu cheguei em casa não parou nenhum minuto.Minha mente estava vazia, por completo. Mas meu coração parecia estar cheio, e na verdade eu não sabia do que.
Olhei para a janela. O sol bonito que estava de manhã havia se escondido, e grandes nuvens densas habitavam o céu.A chuva começou a cair, e pela primeira vez, ela não me trouxe alivio como sempre me trazia. Me trouxe lembranças embaçadas, mas eu não conseguia identifica-las. 
Balancei minhas pernas, e chutei algo embaixo de mim. Abaixei-me para ver o que era.Meu baú de recordações. Fazia muito tempo que eu não o abria.Não sabia se estava preparada para relembrar o passado, tão cedo.
Contei até três. Resolvi abrir. A primeira coisa que surgiu em minha frente fora um colar. Um colar com grande valor sentimental. Desde que eu o arrancado por completo da minha vida, eu não havia mais visto esse colar.Embaixo dele havia uma carta. Sorri. Resolvi lê-la, e isso custou um bom tempo. Ela era realmente linda. Suspirei. Talvez as coisas tivessem que ter ocorrido assim. Achei pilhas de fotos, com as amigas, com a família, com o cachorro. E eu lembrava de cada momento,como se tivesse acontecido agora, nesse instante.Bem no fundo havia três diários. 2007,2008,2009,consecutivos. Estava curiosa. Não lembrava mais do que eu havia escrito. Passei a mão no de 2007, e resolvi abrir. Li algumas páginas, e tudo que estava escrito ali me causava uma crise de riso.As coisas pareciam tão simples há três anos atrás.Tão naturais.Eu era tão ingênua. Ainda acreditava em contos de fadas e seus finais felizes. Mas eu descobri sozinha que contos de fadas são realmente cínicos. Realmente, eu deixei de acreditar em muitas coisas. Eu deixei de ser aquela garotinha indefesa e chorona.Passei a criar meu próprio caminho, quando consegui me re-erguer . Guardei tudo novamente dentro do baú, e fechei, com a chave que usava presa na minha pulseira. Levantei-me, e quando passei em frente ao espelho parei. Meus olhos não eram mais os mesmos.Aquele velho olhar infantil não existia mais, e em seu lugar uma  malícia de mulher transbordava em meus olhos verdes. Meu sorriso não era mais tímido. E eu não me escondia mais das pessoas, como eu sempre fizera.As coisas mudam muito rápido. Estou em constante mudança.Minhas crises afetam gradativamente meu humor. Posso parecer uma garotinha doce e amável, mas ninguém sabe o que há por baixo disso. Acho que ninguém sonha que por trás dessa garotinha sorridente há um passado recheado de sangue, e marcas que carrego até hoje.

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